sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

TRATADO DE MADRID

A fundação de Rio Grande, em 1737, consolidou para Portugal a posse da faixa litorânea do extremo sul. A partir desse ponto estancieiros criadores de gado lançaram-se à conquista dos campos situados a oeste, colocando-se em conflito com os espanhóis confinantes que forçavam avanços em sentido contrário. Após quase um século de confrontos, todo o território hoje pertencente ao Rio Grande do Sul caiu sob o domínio de Portugal, ora pela guerra, ora por tratados de limites.
Os principais tratados de limites foram o de Madrid, assinado em 1750, e o de Santo Ildefonso, assinado em 1777, e ambos tiveram como consequência guerras entre portugueses e espanhóis confinantes. Ao final, as armas acabaram se impondo sobre a diplomacia com vantagem para os brasileiros dos pampas.
O tratado de Madrid dizia que as terras até então povoadas pelos portugueses seriam de Portugal e as povoadas pelos espanhóis seriam da Espanha, com uma exceção: a colônia de Sacramento, que fora fundada por Portugal, passaria para a Espanha, pois se localizava no extremo sul da atual República do Uruguai; em troca a Espanha cederia a Portugal os Sete Povos das Missões, fundados pelos jesuítas espanhóis. Os povos guaranis, ali aldeados, deveriam se transferir para a margem direita do Rio Uruguai, em domínios do Reino da Espanha.
Os índios recusaram-se a cumprir as determinações do Tratado de Madrid levantando-se em armas contra os demarcadores portugueses e espanhóis. Em 1756, tropas portuguesas, compreendendo 1.600 homens e tropas espanholas com 1.700 combatentes, munidos de armas de fogo enfrentaram um exército de 2.500 índios guaranis armados apenas de arco e flecha. Neste combate desigual foram chacinados 1.500 índios. Os sobreviventes, ou se dispersaram ou passaram para a margem direita do Rio Uruguai, em terras da Espanha, e o território por eles ocupado foi entregue a Portugal. Para ocupar a área onde habitavam os Sete Povos das Missões o Rio Grande do Sul, já possuía boa estrutura do ponto de vista político, administrativo e econômico, já que o Forte de Rio Grande existia desde 1737. Entretanto, em 1761, o Tratado de Madrid foi anulado porque Espanha e Portugal, mais uma vez, colocaram-se em campos opostos na chamada Guerra dos Sete Anos, que se travava na Europa.
Em 1763, D. Pedro de Ceballos Cotes y Calderón, Governador de Buenos Aires e futuro vice-rei da Prata, a frente de 6.000 homens, depois de atravessar os campos desabitados do Uruguai, toma a Vila de Rio Grande, que será ocupada pelos espanhóis durante 13 anos. Nesse período a capital foi transferida para Viamão, até 1773, e depois desse ano para Porto Alegre. Em 1773, o governo de Buenos Aires envia tropas para ocupar Rio Pardo, sendo repelido por seus defensores, comandados por Rafael Pinto Bandeira, que passou ao contra-atacaque, utilizando a tática de guerrilha, a cavalo. No contra-ataque, Rafael Pinto Bandeira ocupou posições importantes que tinham sido instaladas pelos invasores espanhóis. Em 1776, o governo do Rio de Janeiro enviou 6.800 soldados para libertar a Vila de Rio Grande, objetivo que foi alcançado no mesmo ano.
Com essas vitórias portuguesas os espanhóis estariam alijados do Rio Grande do Sul. Entretanto, o governo da Espanha não desistiu do seu intento de ocupar o sul do Brasil. Em novembro de 1776, lançou ao mar a maior expedição jamais saída de um porto espanhol para a América: 115 navios, tripulados por 8.500 homens e transportando um exército de 9.500 combatentes. Com parte dessa expedição comandada por Pedro Ceballos, em 1777, tomou a ilha de Santa Catarina, de onde os espanhóis pretendiam retomar a vila de Rio Grande e todo o território antes perdido. Mas, novamente, Espanha e Portugal se acertaram, voltando à paz dos tempos anteriores, e firmaram o Tratado de Santo Idelfonso, em função do qual o Rei da Espanha determinou a Ceballos que encerrasse a ocupação do sul do Brasil.

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