sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

HISTÓRIA DE SÃO LOURENÇO DO OESTE


Considera-se o início da colonização de São Lourenço do Oeste, o ano de 1948, quando aqui chegaram, entre outras, as famílias Libardoni e Echer, vindas da localidade de Santa Lúcia do Piaí, município de Caxias do Sul.

Todavia, muitas décadas antes dessa data, o território que pertence hoje ao município de São Lourenço do Oeste era povoado, na linha do divisor Paraná – Santa Catarina, onde encontravam-se já formadas as localidades de São Lourenço, Macacos, Três Voltas e Saudades, e que pertenciam, então, ao distrito de Campo Erê, criado em 1917, juntamente com outros quatro distritos do recém criado município de Chapecó: Xanxerê, Passo das Flores, depois Abelardo Luz, Barracão e Passo Bormann.



Levantamentos contábeis da Sub-Prefeitura do distrito de Campo Erê, elaborado em 1924, relaciona cinqüenta famílias morando na localidade de São Lourenço, com os seguintes sobrenomes: Mateus de Oliveira, Domingues de Lima, Antunes de Lima, Traidock, Antunes Rodrigues, Pereira Silva, Fernandes Oliveira, Ribeiro Paz, Gomes Santos, Batista de Godois, Chagas, Amaro, Tamoio, Alves da Luz, Almeida, Cabral, Antunes Oliveira, Antunes da Rocha, Farias, Santos, Lemes da Silva, Ferreira Barbosa, Antunes Poncicá, Aires Guerreiro, Rodrigues Forte, Rodrigues Pereira, Bermit, Rodrigues Fonte.

Na localidade de Macacos havia vinte famílias com os seguintes sobrenomes: Farias, Silvério dos Santos, Barbosa, Abreu, Pacheco Santos, Schimidt, André, Ferreira Menoes, Leite, Jeremia, Baitaca, Gomes Santos, Martins, Antunes, Tomais, Machado e Albino.

Em Três Voltas moravam quinze famílias, portadoras dos seguintes sobrenomes: Amaro Maciel, Garcia, Chagas, Machado, Antunes e Cordeiro Camargo.

Na localidade de Saudades existiam vinte e quatro famílias, tendo os seguintes sobrenomes: Monteiro, de Paula, Mendes Santos, Alves Oliveira, Gormedes, Alves da Rocha, Pereira, Souza Fontes, Courado, dos Santos, Cardoso, Amaral, Patinho, Romário, Alves.

O documento que relaciona o nome desses moradores é manuscrito e está em poder do atual vereador João Neir Rocha, descendente da família Rocha Loures, entre as mais antigas e importantes de Campo Erê.

Pode-se, então, concluir que o atual território, hoje pertencente ao município de São Lourenço do Oeste, era bastante povoado, em 1924, e suas atividades principais, além da rural, eram a pecuária, a criação de tropas e a fabricação de erva mate por meio de barbaquá, conforme esse documento indica.

Quando da criação do município de Campo Erê, em 1917, essa população provavelmente aqui já existia, embora um pouco menor.

Essas famílias de moradores antigos eram originárias, na maioria absoluta, de Palmas, Guarapuava e Clevelândia, atual Paraná, raros do Rio Grande do Sul, e tiveram por objetivo estabelecer-se na rota que, através do divisor das águas das bacias do Uruguai e do Iguaçu, levava ao Barracão, na Argentina.

Essa rota começou a ser trilhada por tropeiros do Brasil, rumo à Argentina, a partir de 1830.

É por isso que, segundo historiadores fidedignos, já em 1858, havia muitos moradores, no território onde hoje se situa o município de Campo Erê.

A esses moradores deve-se a conquista do oeste catarinense e sudoeste do Paraná para o Brasil. Tanto isso é verdade que o povoamento dos Campos do Herê serviu de argumento ao Barão do Rio Branco para provar ao árbitro Grower Cleveland, presidente dos Estados Unidos, que o Território das Missões, disputado entre Brasil e Argentina, pertencia ao Brasil, porque brasileiros foram seus primeiros povoadores.

São Lourenço do Oeste, localizava-se na rota de Campo Erê, a partir de Clevelândia para o Barracão, sendo então razoável se acreditar que começou a ser trilhado e povoado pela mesma época, 1858, como argumentava o Barão do Rio Branco, baseado em eminentes historiadores nacionais.

O povoamento intensificou-se durante e depois da Guerra do Paraguai (1864 – 1870).

Naquele tempo o avanço para essas regiões era feito com tropas de mulas e cavalos, abrindo-se picadas e picadões. Não havia estradas para carroças. Criava-se gado e praticava-se a agricultura de subsistência, pois era impossível o comércio de produtos agrícolas em grande escala, por falta de estradas. A grande fonte de exploração era a erva mate, exportada para a Argentina, de onde vinham, em troca, mulas e algumas manufaturas.

As terras não possuíam escrituras.

A colonização que se iniciou a partir de 1948, mudou radicalmente esta situação e é a isto que se dá à denominação de colonização de São Lourenço do Oeste, através de pioneiros, ou colonos, ou imigrantes, vindos do Rio Grande do Sul e do litoral sul de Santa Catarina.

A colonização foi obra planejada entre o governo e empresas colonizadoras.

As empresas recebiam do governo vastas áreas de terras, a preços baixos, com o compromisso de povoá-las, vendê-las devidamente loteadas e escrituradas a colonos e fixar as sedes da colonização.

A empresa que adquiriu as terras pertencentes ao atual município de São Lourenço do Oeste foi a Empresa Colonizadora Industrial Saudades, constituída em 1948. Tinha sede em Chapecó e os seguintes sócios: Serafim Enos Bertaso, Jaime Bertaso, Paulo Pasqualli, Herminio Tissiani, João Tissiani, Luiz Colombi, Marcos Antonio Trombetta, Guilherme Tissiani, Dante Antonio Motin, José Posser, Luiz Mariotti, Guilherme Sartori, Ângelo Sartori, Agostinho Domingos Stefanello, David Stafanello, Pioanacleto Stefanello, Guilherme Leopoldo Hack, João Beux Sobrinho, Luiz Menegatti, Aquiles Tomazelli e Edite Aida Mendes.

Todos esses sócios eram direta ou indiretamente originários do Rio Grande do Sul, com exceção de Edite Aida Mendes, esposa de Arnaldo Mendes, que era do litoral de Santa Catarina.

Mas somente quatro deles participaram ativamente na formação histórica do município: Guilherme Leopoldo Hack, Agostinho Stefanello, João Beux Sobrinho e Arnaldo Mendes, este esposo da sócia Edite Aida Mendes.

Guilherme Hack foi o primeiro gerente local da empresa Saudades, de 1950-1952, enquanto que Agostinho Stefanello era o gerente geral.

Agostinho Stefanello foi quem escolheu o local onde se deveria construir a vila, comandou a construção do primeiro barracão da empresa e fez as vendas de terras e lotes aos primeiros colonizadores. Residiu cerca de um ano em São Lourenço do Oeste, em 1950.

João Beux Sobrinho, aqui chegou em 1950, radicando-se definitivamente.

Em 1952, a empresa Saudades teve alterações. Vários sócios saíram da sociedade, entre eles Agostinho Stefanello e Guilherme Hack .

Guilherme de sua parte recebeu lotes na vila e terras nas proximidades.

Com a alteração a empresa ficou sob o comando de Arnaldo Mendes, o qual entregou a gerência, primeiro a Agostinho Stefanello em 1952-1953, e depois a José Ebling, aqui chegado em 1952.

Arnaldo Mendes e sua esposa Edite Aida Mendes nunca residiram em São Lourenço do Oeste e dirigiam a empresa através de prepostos. Mas devem-se a Arnaldo Mendes algumas das principais realizações de estruturação da vila, depois distrito, e depois cidade de São Lourenço do Oeste: mandou abrir 360 Km de estradas, servindo-se dos tratoristas Nelson Lara e Ido Silva; doou terrenos para construção de capelas, Igreja Matriz, escolas e repartições estaduais e municipais, para o primeiro hospital, para o CRA e para o Educandário Santa Maria Goretti. Em 1954 construiu o primeiro hospital de São Lourenço do Oeste, que depois vendeu para Dorvalino Silvestri e Martin Sordi. Estes o venderam depois ao Dr. Miguel Belmonte, o qual, por sua vez, o vendeu aos irmãos Albino e Martin Sordi e Sabino Santin, os quais, finalmente, em 1961, o venderam para o Dr. Bronislau Polan Breowicz.

Essas eram as providências que todas as empresas colonizadoras tomavam para o povoamento das terras compradas do governo.

Em 1959, a empresa Saudades alterou a denominação para Companhia Colonizadora Industrial Saudades, sob a direção de Arnaldo Mendes.

Em 1960, esta Companhia comprou mais 600 colônias de terras com matos e pinhais, às margens do rio Três Voltas.

Em 1948 e 1949, quando começaram a chegar os primeiros desbravadores oriundos do Rio Grande do Sul e do litoral sul de Santa Catarina, existiam vários ranchos de caboclos, no lugar onde hoje está a cidade, bem como nos arredores, pertencentes a Miguel Mariano, Procópio Lopes, entre outros.

Frederico Wastner, a partir de 1946, habitava na localidade que hoje leva seu nome, onde exerceu o cargo de Inspetor de polícia.

No local onde hoje está localizada a Igreja Matriz, havia um rancho e um velho laranjal; pelas bandas da Linha Campina habitava João Maria de Souza e muitos da mesma família, ali estabelecidos ainda antes de 1930. Havia também bodega e açougue, pertencente a Inácio Sendenski, o qual trazia produtos de Pato Branco.

Para abrigar os primeiros colonos italianos e alemães atraídos pela Colonizadora foi construído um barracão, medindo 7 x 30 metros, com esteios de bracatinga, localizado na esquina da Avenida Brasil com Nereu Ramos, frente ao atual Mercado Libardoni.

Trabalharam na construção deste barracão, sob o comando de Agostinho Stefanello, Agenor Bento, antigo morador do lugar e o agrimensor Ernesto Beuter, ajudados, evidentemente, por alguns peões.

Os primeiros a entrar nesse barracão foram Desidério Costa, em 1948, e Artur Follamm, em 1948, além das famílias de Agenor Bento e Ernesto Beuter, no inicio de 1949.

Todos os primeiros colonos, ou quase, passaram algum tempo nesse barracão até construir suas casas. Cabiam nele muitas famílias, até porque elas tinham poucos pertences.

Em fevereiro de 1949, Paulo Libardoni e João Lazzarotto, vieram da localidade de Santa Lúcia do Piai, município de Caxias do Sul, para comprar terras e lotes. Mudaram-se em maio de 1949, trazidos por um caminhão Ford 1946, conduzido por Armindo Ecker, e se instalaram no Barracão de Bratinga.

Nessa mudança vieram vinte e duas pessoas entre crianças e adultos: Paulo e Benedita Libardoni com seus cinco filhos, o casal João e Verônica Lazzarotto com seus sete filhos, Constante Costa, Sebastião Muraro, Guerino Echer e Sixto Echer .

As famílias Libardoni e Lazzarotto, além de Constante Costa permaneceram em São Lourenço do Oeste e os outros regressaram para pegar suas mudanças.

Na esteira de Paulo Libardoni, e logo após, vieram outros gaúchos de Caxias do Sul: Belfiore Lazzarotto, Maximiliano Lazzarotto, Cláudio Moschen, Guerino Valduga, Guerino Echer e viúva Angelina Echer. Da região de Erechim, onde a fama de São Lourenço começou a se propagar, também chegaram as famílias: Tenutti, Bessegatto, Vitório Dallagnol, João Dallagnol, Ângelo Biazussi, Luiz Dallagnol e outros. De Santo Ângelo, onde havia caxienses, chegaram: Francisco Camello, Ângelo Camello e Elizeu Possobom.

A chegada da família Libardoni e de João Lazzarotto foi um marco importante na história da colonização de São Lourenço.

Ao sair do barracão, a família Libardoni, associada à família Echer, instalou um grande comércio no lugar onde hoje é o Mercado Libardoni.

Foram precedidos, entretanto, pelos seguintes pioneiros:

AGENOR BENTO – Caboclo de Campo Erê, chegou em São Lourenço em maio de 1948, a serviço da empresa Saudades, com a finalidade de auxiliar Ernesto Beuter na construção do barracão de Bracatinga, na abertura da Avenida Brasil, ruas e estradas. Sua esposa Joana foi a cozinheira do barracão.

ERNESTO BEUTER - Também chegou em 1948 para construir o barracão, abrir a avenida e ruas da vila, a serviço da empresa. Em janeiro de 1949, mudou-se com a esposa Virginia e filhos para o barracão que acabara de estar pronto. Era agrimensor e traçou a planta da vila, e depois cidade de São Lourenço, dotando-a de avenidas largas e de mão dupla. Entre 1948 e 1953, mediu todas as terras de São Lourenço. Natural de Cruz Alta, faleceu em 1954.

DESIDERIO E ANGELINA COSTA – Provenientes de Ermo, SC, chegaram a São Lourenço do Oeste em 21 de setembro de 1948, e se instalaram no barracão da empresa que estava em construção.

ARTUR FOLLMANN – originário do Rio Grande do Sul, chegou alguns dias após Paulo Libardoni. Instalou-se no barracão. Nos meses de junho e julho construiu uma casa de dois andares no terreno onde hoje está situado o prédio do BESC, que serviu de bodegão e hotel, que foi o primeiro do lugar.

Aos poucos iam sendo lançadas as bases da vila de São Lourenço. Com a abertura da Avenida Brasil, de algumas ruas e da estrada para Vitorino avolumou-se a chegada de colonos originários do Rio Grande do Sul e do litoral sul de Santa Catarina, podendo ser relacionados os seguintes pioneiros, bem como sua principal contribuição para o desenvolvimento da localidade de São Lourenço.

EDMUNDO LARA - Gaúcho de Carazinho, mudou-se de Xaxim para São Lourenço em 14 de julho de 1949. Instalou-se no barracão da empresa Saudades até construir sua casa. Era técnico em várias áreas e, utilizando-se de um motor diesel de 30 hp, implantou a iluminação elétrica em sua residência e outras casas e estabelecimentos da vila de São Lourenço. Em setembro de 1949, montou a serraria da empresa Saudades que se localizava na esquina da atual Travessa São Pedro com a General Osório, com o que os novos colonos passaram a ter tábuas para construir suas casas, não precisando mais adquiri-las em Vitorino e arredores. Organizou também, numa parte de sua residência um pequeno salão de baile, o primeiro do lugar e que foi a primeira sede do CRA ( Clube Recreativo Araucária), fundado em 07 de setembro de 1951, e cujo campo de futebol localizava-se no atual campo desse clube.

VALENTIM ROSSO - Casado com Maria Rosso Fontana, chegou em 29 de julho de 1949, procedente de Criciúma. Trouxe de lá as pedras de moinho para farinha de polenta, que um ano após construiu na localidade de Macaco. Com ele veio a família de Joaquim Fontana.

ANGELO FANTIN - Imigrou da Itália para o Brasil em 1949, desembarcando no Porto de Santos, SP, de onde se dirigiu para Carazinho, RS, e de lá para Chapecó, onde chegou no mês de julho de 1950. De Chapecó, a pedido de Arnaldo Mendes, imediatamente viajou a São Lourenço para trabalhar como agrimensor na empresa Saudades, o que fez durante um ano. Fixou-se na localidade de Três Voltas, onde exerceu atividade agrícola, usando métodos avançados, já que era formado como técnico agrícola na Itália. Em 1953, casou-se com Ida Libardoni, e dois anos após o casamento associou-se à Empresa Libardoni & Ltda, da qual se tornou um dos sócios mais importantes. Esta empresa foi muito poderosa por possuir moinho de trigo, comércio de madeira, frigorífico no Rio de Janeiro e a fábrica de biscoitos Parati, entre outras atividades. Com a dissolução da Empresa Libardoni, em 1988, Angelo Fantin tornou-se diretor proprietário da Parati, hoje a mais importante empresa de São Lourenço do Oeste, e uma das mais importantes do estado e do país na produção de massas e biscoitos. Os outros sócios, sob o comando da família Armindo Echer, e tendo o moinho como principal suporte econômico, formaram, em 1988, a Nutrisul, hoje a segunda indústria mais importante de São Lourenço do Oeste, depois da Parati.

ADÃO JANCZESKI – Originário de Veranopólis, RS , chegou em São Lourenço em julho de 1950. Era contador e com a criação do distrito tornou-se escrivão do Cartório de Registro Civil. Com a instalação do município tornou-se o primeiro escrivão do Cartório de Registro de Imóveis, transferido, em 1965 para o filho Sérgio Luiz Janczeski.

Entre as primeiras providências da nascente povoação de São Lourenço estava a construção da escola e da capela. Já em 1949 foi construída uma escola primária na Avenida Brasil e que funcionou de 1949 a 1953, tendo como primeira professora Carmela Rezzieri Garcia, e depois, em 1951, Armando Pagani, que passou o cargo para Elvira Fransozi e José Candido de Quadro Martins. A capela começou a ser construída em fevereiro de 1950, entregue aos padres capuchinhos. A chegada dos padres constituía-se em elemento primordial para o avanço da colonização.

Em 1951, começaram a chegar em São Lourenço muitas famílias provenientes de Itatiba do Sul, então distrito de Erechim, RS. Entre elas destacaram-se:

MAXIMILIANO NEGRI e LÍDIO SUTILLI, em maio de 1951. Maximiliano foi o primeiro ferreiro do lugar e Lídio era seu auxiliar. Fabricavam todos os instrumentos necessários de que precisavam os agricultores.

No mesmo ano, impressionados com o sucesso de Maximiliano Negri e Lídio Sutilli, chegaram muitos de seus conterrâneos:

AFONSO SUTILLI - que construiu o segundo hotel de São Lourenço;
ARTIBANO SUTILLI – ferreiro;
ALCIDES SUTILLI e ADIR SUTILLI – os primeiros seleiros e sapateiros. Tinham cortume próprio na sanga da vila perto do atual Cemitério;
GUIDO PIOVESAN E JOÃO MORANDI – os primeiros açougueiros do lugar;
HERMINIO LAZZARETI – agrimensor.

A partir de 1952, vieram outros imigrantes de Itatiba do Sul:

MARIA CERCHIARI – primeira parteira do lugar;

BENVENUTO PERIN – primeiro “intendente” do distrito, além de PRIMO MUCCELIN, ARI BODANESE, JOÃO MARAFON, VENUTO FACCI, BELARMINO FORCELINI, ANTONIO FRANCIOSI, e outros.

Nesses anos a vila de São Lourenço já era próspera. Havia estradas de carroça e caminhão em várias direções. A agricultura e a criação de suínos se desenvolveram devido às férteis terras do lugar, sendo possível transportar com caminhões, grande quantidade de milho, feijão, além de suínos, para os mercados consumidores de São Paulo e Rio de Janeiro. Na época não havia óleos vegetais e por isso a banha de porco era vendida por altos preços. Não se praticava a agricultura mecanizada e com o uso de fertilizantes. Era dos produtos agrícolas provenientes das terras de mato branco, como havia em São Lourenço e de modo geral no oeste de Santa Catarina e no sudoeste do Paraná que se alimentavam as grandes cidades do Brasil. Desta situação econômica se originou o desmatamento que atualmente tanto lamentamos.

Entretanto, naquele tempo tudo isso era progresso. A par do crescimento da produção agrícola proliferava a instalação de serrarias por toda parte, visando a transformação de árvores nativas em tabuas para construção, cujo principal destino também eram as grandes cidades. A produção da madeira tornou-se a principal fonte de economia de São Lourenço. Os madeireiros enriqueciam.

Este progresso, bem como o aumento da população, permitiram a criação do distrito de São Lourenço em 23 de agosto de 1951, e sua instalação em 14 de setembro de 1952.

Prevaleceu a denominação São Lourenço, que era muito antiga, em oposição ao nome de “Bracatinga”, em referência ao primeiro barracão, que era defendido por certas pessoas influentes e que já aparecia em alguns documentos, podendo ser mencionada a portaria de nomeação do inspetor de quarteirão Vicente Moraes, expedida em Campo Erê, a 05 de setembro de 1951.

Atraído pelas possibilidades de bons negócios, chegou MIGUEL ARCANJO IORIS, em 27 de junho de 1952, procedente de Severiano de Almeida, então distrito de Erechim, RS. Instalou em São Lourenço um grande comércio de produtos agrícolas que funcionou sob a denominação Irmãos Ioris Ltda.

Em fevereiro de 1954, chegaram a São Lourenço ALBINO REZZIERI E GILIO REZZIERI, que também instalaram um grande comércio, mais tarde associado à Empresa Libardoni e Cia Ltda.

A partir de então o número de imigrantes cresceu de forma acelerada, a tal ponto que, na data da emancipação, 1958, o município contava com aproximadamente 3.000 habitantes.

Na formação da população de São Lourenço do Oeste distinguem-se duas correntes de imigração: uma do Rio Grande do Sul composta de descendentes italianos, alemães e poloneses, bem como elementos lusos e outra da área rural do litoral sul catarinense, compreendendo apenas descendentes de italianos e elementos lusos, e sem nenhuma participação de descendentes de alemães. Trata-se de um fenômeno curioso e digno de maior estudo.

É interessante uma relação desses imigrantes.

Do litoral sul catarinense: Desiderio Costa, Inocente Pagani, Valentim Rosso, família Fontana, Paulo Salvador, José Garcia, Antonio Borges, Saturnino de Matos, Basílio de Matos, Emilio Campos (1950, primeiro padeiro) João Abatti (1951), José Abatti (1951), Joaquim Borges(1951), entre os mais antigos. Posteriormente temos: Albino e Gilio Rezzieri, Pedro Spricigo (1955, primeiro oleiro), famílias Peres, Mattei, Zilli, Bittencourt, Bauer (serrano), Cardoso, Menegasso, Mariot, Bratti, Tezza, Pandini (1960). Não aparece famílias de sobrenome alemão.

Do Rio Grande do Sul temos: Agostinho Stefanello, Ernesto Beuter, famílias Libardoni, Lazzarotto, Echer, Valduga, Tenutti, Bessegatto, Dallagnol, Biazussi, Camello, Janczeski, Sutilli, Negri, Marafon, Ebling entre os primeiros. Posteriormente: Otávio Marcon, Ioris, Selvino Galeazzi (1953), Deon, Suzin, Arnoldo, Erbes, Etges, Menegatti, Sordi (1954), Santin (1954), De Re (1954), Scariot, Bruscato (nota-se a presença predominante de famílias de origem italiana e alemã).

Esta relação não é completa, mas serve para mostrar a existência de duas correntes migratórias em São Lourenço do Oeste, uma gaúcha e outra catarinense ou serrana. E é importante assinalar que entre todos os municípios do Oeste Catarinense, São Lourenço do Oeste é o único que tem grande proporção de catarinense do litoral sul. Isto se deve ao fato de que o sócio e depois diretor da Empresa Saudades, Arnaldo Mendes e sua mulher Edite Aida Mendes eram do litoral.

Em cinco a seis anos de colonização São Lourenço teve um crescimento espetacular. No lugar onde só havia ranchos de caboclos ergueu-se uma grande vila. As colônias do interior transformaram-se em celeiros agrícolas. São Lourenço já era distrito e paróquia em 1952.

A instalação do distrito trouxe o Cartório de Registro Civil e o escrivão de paz. Portanto, tendo escrivão e padre, tornou-se possível o casamento civil e religioso, o que era de grande interesse para os colonos e que se tornou motivo de incremento da migração.

Havia um pequeno hospital, construído em 1954. O crescimento econômico permitiu a instalação, também em 1954, de um posto de arrecadação, tendo como encarregado Bruno Hack, subordinado à coletoria de Chapecó e elevado a coletor com a criação do município.

Em 1956, é construído o Educandário Santa Maria Goretti, dirigido por freiras Vicentinas, considerado uma das maiores instituições educacionais da região.

A prosperidade e o crescimento populacional eram notórios. Nessas condições, a população aspirava à emancipação do então distrito de São Lourenço, o que efetivamente ocorreu através da Lei Estadual n° 348 de 21 de junho de 1958, que criou o município de São Lourenço do Oeste, desmembrado de Chapecó.

Foi nomeado prefeito provisório Armando Pagani, professor e fotógrafo, que aqui chegou em 1951; tomou posse em 16 de julho de 1958.

Em 26 de julho de 1958,o município foi instalado.

Nas eleições de outubro de 1958 elege-se prefeito José Ebling, que venceu os adversários Armindo Echer e Bruno Hack.

No governo de José Ebling foi criada a comarca de São Lourenço do Oeste, em outubro de 1960, e instalada em fevereiro de 1961, tendo como primeiro juiz titular Cláudio Rodrigues de Araújo Horn.

Em outubro de 1963, como candidato único, é eleito prefeito Zeno Germano Etges. Na sua administração é concluída a construção da nova Igreja Matriz.

Foram sucessores de Zeno Germano Etges os seguintes prefeitos e respectivos vices:
- José Ebilng e Dr. Bruno (Bronislau Polan Breowicz) - 1968 a 1972;
- Sabino Santin e Elizeu Alencastro Rezzieri – 1972 a 1976;
- Dionísio Biazussi e Honório Bottega – 1976 a 1982;

Em âmbito estadual e nacional, nesse período, destacou-se o deputado federal Francisco Orestes Libardoni, que se elegeu pelo então MDB, nas eleições de 1970, 1974 e 1978, sempre entre os mais votados do estado de Santa Catarina.

Nas eleições municipais de 15 de novembro de 1982 elegeu-se prefeito Cairu Hack, tendo como vice Santos Zilli, o qual assumiu à prefeitura em 14.05.1986, pois Cairu Hack renunciou ao cargo para competir como vice governador na chapa de Amílcar Cazaniga. Encerrou o mandato em 1987.

Seguiram-se os seguintes prefeitos e vice:
- Dionísio Biazussi – Leonel Baldissera, 1988 – 1992;
- Álvaro Freire Caleffi – Ângelo Fantin, 1992 – 1996;
- Cairu Hack – José Ebling, 1996 – 2000;
- Álvaro Freire Caleffi – Edu Antonio Borges, 2000 – 2004;
- Tomé Francisco Etges – Nivaldo Lazaron, 2004 – 2008;
- Tomé Francisco Etges – José Carlos Echer – 2009 - 2012.

São passados assim 50 anos de emancipação e 150 anos de história.

12 comentários:

  1. O texto ficou muito bom! Apresentou uma parte da história de meus ancestrais em SLO que eu não conhecia.
    Gostaria também de registar aqui a necessidade de um pequeno ajuste no texto que fala sobre "Valentim Rosso".

    ++++++++++++++
    "Valentim Rosso", quando foi para SLO era casado com "Rosa Darolt Rosso" (2o casamento).
    Antes disso, "Valentim Rosso" teve por esposa "Irene Maria Salvador".

    "Maria Rosso Fontana", cujo nome completo é "Libera Maria Rosso Fontana" (conhecida como "tia Biba" entre os familiares) era IRMÃ de "Valentim Rosso". "Libera Maria Rosso Fontana" era casada com "Joaquim Fontana".

    ++++++++++++++
    Fonte: conversa pessoal com a filha de "Irene Maria Salvador" e "Valentim Rosso".

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  2. Gostaria de saber mais sobre a familia Antunes de Lima e sua historia no oeste.

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  4. Faço parte da historia de São Lourenço dOeste de 1953 a 1963,meus pais ainda ficaram até 1969.

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  5. Parabéns e obrigada por compartilhar! Gostei muito, também faço parte da história de S.Loureço. meus pais Bruno Viero e Joana De Brida, chegaram em 1956, vindo de Lauro Můller,SC. Eu nasci em 1959.permaneci na linda cidade até 21 anos. Muitas recordações.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Parabéns pelo btrabalho!
    Possui mais informações sobre Tisiani?

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  8. Parabéns pelo trabalho! Ainda tem descendentes de Paulo Salvador em São Lourenço do Oeste?

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  9. Histórias mau contadas meu pai ARNALDO MENDES foi o maior desbravador desta região e nao vejo nenhum comentario
    Jader Mendes florianopolis

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    1. A empresa que adquiriu as terras pertencentes ao atual município de São Lourenço do Oeste foi a Empresa Colonizadora Industrial Saudades, constituída em 1948. Tinha sede em Chapecó e os seguintes sócios: Serafim Enos Bertaso, Jaime Bertaso, Paulo Pasqualli, Herminio Tissiani, João Tissiani, Luiz Colombi, Marcos Antonio Trombetta, Guilherme Tissiani, Dante Antonio Motin, José Posser, Luiz Mariotti, Guilherme Sartori, Ângelo Sartori, Agostinho Domingos Stefanello, David Stafanello, Pioanacleto Stefanello, Guilherme Leopoldo Hack, João Beux Sobrinho, Luiz Menegatti, Aquiles Tomazelli e Edite Aida Mendes.

      Todos esses sócios eram direta ou indiretamente originários do Rio Grande do Sul, com exceção de Edite Aida Mendes, esposa de Arnaldo Mendes, que era do litoral de Santa Catarina.

      Mas somente quatro deles participaram ativamente na formação histórica do município: Guilherme Leopoldo Hack, Agostinho Stefanello, João Beux Sobrinho e Arnaldo Mendes, este esposo da sócia Edite Aida Mendes.

      Guilherme Hack foi o primeiro gerente local da empresa Saudades, de 1950-1952, enquanto que Agostinho Stefanello era o gerente geral.

      Agostinho Stefanello foi quem escolheu o local onde se deveria construir a vila, comandou a construção do primeiro barracão da empresa e fez as vendas de terras e lotes aos primeiros colonizadores. Residiu cerca de um ano em São Lourenço do Oeste, em 1950.

      João Beux Sobrinho, aqui chegou em 1950, radicando-se definitivamente.

      Em 1952, a empresa Saudades teve alterações. Vários sócios saíram da sociedade, entre eles Agostinho Stefanello e Guilherme Hack .

      Guilherme de sua parte recebeu lotes na vila e terras nas proximidades.

      Com a alteração a empresa ficou sob o comando de Arnaldo Mendes, o qual entregou a gerência, primeiro a Agostinho Stefanello em 1952-1953, e depois a José Ebling, aqui chegado em 1952.

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  10. Olá!! Como consigo seu livro Gaucho em santa catarina e paraná? Preciso muito comprá-lo.

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