quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

NEONAZISMO

Frequentemente a imprensa noticia violências cometidas por grupos neonazistas fantasiados de cabeça raspada, Skinheads, principalmente na Alemanha, alguns países da Europa, Estados Unidos, Argentina e Brasil. Trata-se de jovens que tentam reviver o ideais racistas em vigor na Alemanha antes da Segunda Guerra Mundial e durante esse conflito.
Essas teses racistas sustentavam a superioridade germânica frente a outras raças – latinos, negros, judeus e asiáticos. Terminada a guerra, derrotada a Alemanha e morto Hitler, o racismo germânico, junto com outros racismos, passou a ser condenado por todos os povos civilizados e pela Carta Universal dos Direitos Humanos.
Por isso, reviver especificamente o racismo alemão, além de ser considerado crime contra a humanidade, não deixa de ser uma utopia inviável, no aspecto político, social e econômico, porque hoje, ao contrário do que acontecia nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a Alemanha deixou de ser grande potência, em condições de impor suas teorias no mundo, como antes fazia.
A teoria da superioridade da raça germânica propagou-se na Europa e no mundo à medida que a Alemanha, a partir da sua reunificação em 1870, e sob o comando do imperador Guilherme II, fundador, nesse ano, do 2° Reich, cresceu e se tornou a principal potência industrial e militar da Europa continental.
O mundo, então, se curvava não somente ao poderio econômico, político e militar alemão, mas também à sua expressão cultural. Exemplo desta vassalagem em relação ao germanismo temos no Brasil com o livro “Canaã”, publicado em 1902, do escritor modernista Graça Aranha, no qual ele introduz um personagem alemão de nome Lentz, implacável defensor da supremacia racial germânica. O filósofo Tobias Barreto, da mesma época, também foi adepto do pan-germanismo, assim como muitos escritores, filósofos, historiadores e cientistas de todo o mundo ocidental.
No Brasil, ainda, o aniversário do Kaiser Guilherme II era comemorado com festas, bandas e discursos em todas as cidades de origem alemã do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o que bem mostra a poderosa influência do germanismo.
Ser alemão era motivo de orgulho porque a Alemanha era exemplo de progresso, a maior nação do continente europeu e a segunda potência do mundo após os Estados Unidos
A Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918 derrubou o Império Alemão, ou seja, o 2° Reich, que foi revivido por Hitler com a proclamação do 3° Reich, o qual também ruiu com a Segunda Guerra Mundial.
A grandeza econômica, política e militar da Alemanha de 1870 a 1945 deu fôlego à teoria da superioridade germânica.
Mas hoje a Alemanha não possui a mesma grandeza de outrora e por isso o racismo pregado pelos carecas não mais poderá vingar. Embora a Alemanha ainda seja uma nação economicamente forte, não chega aos pés da China em termos militares, políticos e demográficos. E sua economia já foi sobrepujada por essa nação asiática. Agora a bola da vez da vez é o “perigo amarelo”, previsto por Napoleão Bonaparte, o qual há 200 anos disse: O dia em que a China despertar o mundo tremerá. Já está tremendo...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

INTEGRAÇÃO DO SUL AO BRASIL

Para conduzir tropas de mulas compradas na região do Prata, Cristóvão Pereira reabriu e melhorou, em 1732, a Estrada dos Conventos, assim chamada porque no seu trajeto se viam morros com figura de conventos, desde o rio Araranguá até São Joaquim, rumo aos Campos de Lages, Curitiba e Sorocaba, tornando, com isso, possível as comunicações, até Minas Gerais a partir dos Campos de Viamão. Essa estrada fazia parte dos planos do Governo de São Paulo para a conquista do sul, e para construí-la, contratou, em 1728, Francisco de Souza Farias, que abriu picada desde a serra gaúcha, passando por São Joaquim até Curitiba, de onde seriam alcançados caminhos já existentes até Minas Gerais. A estrada serviria para levar muares, gado e charque até Minas Gerais, onde estavam sendo exploradas minas de ouro, envolvendo grande massa de trabalhadores. Nos planos do governo de São Paulo e da Coroa Portuguesa era necessário ampliar e consolidar esse projeto, que integraria o sul ao norte do Brasil. Nesse sentido, com patente de coronel de ordenanças, sai Cristóvão Pereira de Abreu, de Minas Gerais, comandando pequena expedição, rumo ao Rio Grande do Sul; marcha em direção a ilha de Santa Catarina e a seguir para Laguna, onde arregimentou voluntários, levando consigo todos os homens capazes, e com eles formou uma tropa de 160 homens, com a qual chegou ao Porto do Rio Grande, em 27 de setembro de 1726. Ali chegando, comprou 1.500 cavalos e reuniu 1.200 vacas, lançando as raízes de uma vila, que seria o berço da civilização do Rio Grande.

OCUPAÇÃO DO EXTREMO SUL

Ocupação do Extremo Sul

Em consequência das novas rivalidades surgidas na Europa entre Portugal e Espanha, a Coroa Portuguesa, tomando a iniciativa das hostilidades, promoveu a fundação, em 1680, da Colônia do Sacramento, na desembocadura do Rio da Prata, na atual República do Uruguai. A fundação desta colônia dá início a um período de confrontos e guerras entre Portugal e Espanha que durou mais de 100 anos. A Espanha, agindo através de Buenos Aires, nunca admitiu a presença dos portugueses na Colônia de Sacramento, tendo-a atacado por inúmeras vezes. Para dar proteção a esta colônia, Portugal, fundou em 1684, a cidade de Laguna, em Santa Catarina. Estava com isso evidente a intenção de Portugal em dominar toda costa do litoral e o território que vai de Laguna a Colônia do Sacramento. E por isso tratou de instalar, em 1737, um posto militar importante e decisivo, o Forte de Jesus Maria José, na Barra de Rio Grande, hoje cidade do mesmo nome.
Em resposta ao expansionismo dos portugueses, os espanhóis, através das missões jesuíticas manifestavam sua presença com a fundação dos Sete Povos das Missões, entre 1682 até 1706, sendo eles, por ordem cronológica, São Borja, São Nicolau, São Luiz, São Miguel Arcanjo, São João Batista, São Lourenço e Santo Angelo, todos no oeste do Rio Grande do Sul. As datas da fundação desses povos sugerem que se trata de uma represália à fundação da Colônia do Sacramento, em 1680.
Com estes atos de posse, por parte de Portugal, de um lado, e por parte da Espanha, do outro, estaria armado o cenário para conflitos que se estenderiam por mais de um século tendo por palco o Rio Grande do Sul.
Estariam lançados também os fundamentos da economia sulina, que seriam a criação de gado, cavalos, e muares, a produção e comércio de couro e charque, o tropeirismo e o militarismo. Era, enfim, o começo da futura civilização gaúcha, também denominada “civilização do cavalo”.
Meses antes da instalação de Rio Grande por José da Silva Paes, ali já se instalara o tropeiro Cristóvão Pereira de Abreu, cujas façanhas constituem um exemplo claro dessa “civilização do cavalo”.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SUL DO BRASIL ABANDONADO

Completada a destruição das missões jesuíticas de Guairá e do Rio Grande do Sul, a região do extremo sul do Brasil caiu em abandono, tanto por parte do reino de Portugal, revivido em 1640, como do reino da Espanha, porque esta parte da América, hoje denominada Cone Sul, não tinha nenhuma fonte expressiva de riqueza, a não ser os cavalos e o gado, introduzidos desde 1626 pelos missionários jesuítas e desde quase 100 anos antes pelos dominadores espanhóis, que não tinham nada a ver com essa história, e multiplicaram-se livremente, em todos os campos do sul.
Os interesses da Espanha estavam inteiramente voltados à exploração das minas de prata de Potosí, na atual Bolívia, então sob a jurisdição do Vice Reino do Peru. Para se ter uma idéia desse fato basta salientar que as minas de Potosí, a 4.200 metros de altitude, foram descobertas em 1545 e se chamaram “Cerro de Potosí”, com 600 metros de altura, cujo minério tinha um teor de 75% a 85% de prata, propriamente uma “montanha de prata”. Com a descoberta de técnicas mais avançadas na exploração desse minério e consequente produção de maior quantidade de prata a Vila Imperial de Potosí, como então foi chamada, cresceu de forma espetacular. Por volta de 1650, logo após a destruição das missões jesuíticas de Guairá e do Rio Grande do Sul, a Vila Imperial de Potosí chegou a 160.000 habitantes, sendo a terceira cidade do mundo, depois de Londres e de Paris. No longo período de exploração das minas de prata de Potosí morreram 8 milhões de operários ou escravos, mas a produção conseguida teve influência na economia mundial, pois a prata, na Europa, passou a servir como lastro das moedas.
No lado brasileiro a preocupação econômica continuava sendo a produção de açúcar, mas já começavam as penetrações para o interior, em busca de minas de prata e de ouro, em direção às Minas Gerais. Nesta conjuntura os campos do Rio Grande do Sul e mesmo do Uruguai e da Argentina não exerciam nenhuma atração nem para os espanhóis e nem para os portugueses. Todavia, a rivalidade entre Espanha e Portugal volta a se acirrar a partir de 1670, com reflexos no extremo sul até então abandonado.

FRONTEIRAS DO OESTE - JESUÍTAS

A colonização do Brasil pelos portugueses começou pelo litoral atlântico, onde foram fundadas as primeiras vilas e cidades donorte até São Vicente. O litoral sul permanecia abandonado até a fundação de São Francisco do Sul, Desterro, Laguna e finalmente Rio Grande.
Entretanto, as fronteiras do oeste dos atuais estados do Paraná e Rio Grande do Sul foram ocupadas pelos espanhóis, por obra dos padres jesuítas, bem antes do povoamento do litoral pelos portugueses. A fronteira oeste de Santa Catarina ficou fora deste processo de ocupação.
A ordem dos padres jesuítas, também denominada Companhia de Jesus, foi fundada em 1534, por Inácio de Loiola. Teve rápido crescimento e alcançou poder político e econômico considerável. Em 1550 já estava instalada no Brasil e em 1554 o padre José de Anchieta fundou o Colégio Piratininga de São Paulo, origem da cidade hoje capital do Estado de São Paulo.
A partir da costa do Pacífico, dentro dos domínios exclusivos do rei da Espanha, os jesuítas estabeleceram-se no Peru, em 1568; na Argentina, em 1586 e no Paraguai, em 1588, onde instalaram bases para o avanço em direção à costa do Oceano Atlântico, povoada pelos portugueses.
Em cumprimento a este projeto os padres jesuítas, fundaram dezenas de reduções no atual Paraguai e nordeste da Argentina, e, entre 1610 a 1630, outras 12 missões de índios guaranis na região de Guairá, as denominadas Missões de Guairá, que ocupavam quase todo o atual Estado do Paraná, ressalvada uma pequena faixa do litoral. No atual Rio Grande do Sul implantaram, entre os anos de 1626 a 1634, 18 reduções, também de índios guaranis, denominados tapes, numa vasta área que se estendia, pelo centro do Estado desde o atual município de São Borja até as proximidades do atual Porto Alegre.
No período da fundação dessas missões o Brasil se encontrava sob o domínio da Espanha, mas este reino não exerceu controle sobre os bandeirantes paulistas, que de São Vicente penetravam em direção oeste em busca de minas de ouro, das quais havia notícias ou para apresar índios que venderiam como escravos nas incipientes lavouras de cana-de-açúcar. As missões jesuíticas, tanto de Guairá como do Rio Grande do Sul, foram vistas pelos bandeirantes como presa fácil e lucrativa, devido a escassez de escravos negros importados da África. Pelo fato de Portugal e Espanha se encontrarem em guerra com a Holanda, essa nação se apossou dos portos portugueses em Angola e outros pontos da África, cortando o fluxo de escravos para o Brasil, diante do que a alternativa dos produtores de cana-de-açúcar era suprir a escassez de mão-de-obra africana pela escravidão indígena.
No Brasil daquela época o negócio mais lucrativo era a produção de açúcar de cana, que prosperava desde São Paulo até o extremo nordeste e o comércio de escravos africanos para manter a economia açucareira. Entretanto, nas colônias espanholas da costa do Pacífico e do Caribe, além das lavouras com seus escravos, já se exploravam as minas de prata de Potosí, descobertas por volta de 1545, cuja fabulosa produção mudou o curso da economia da Europa.
Os bandeirantes paulistas, comandados por Manoel Preto e Antonio Raposo Tavares, começaram a atacar as missões de Guairá a partir de 1618 sem trégua até 1630, provocando sua total destruição. Apresaram a maior parte dos 70.000 a 100.000 índios que lá havia levando-os aos mercados de São Paulo. Os sobreviventes fugiram de barco, descendo o Rio Paraná, e se refugiaram em outras missões do Paraguai e do nordeste da Argentina.
As missões do Rio Grande do Sul não tiveram melhor sorte. A partir de 1636 foram atacadas pelos bandeirantes paulistas Fernão Dias Paes Lemes, Raposo Tavares e André Fernandes, no que foram auxiliados pelos índios tupis, charruas e minuanos, inimigos dos guaranis. Até 1639, as missões foram totalmente arrasadas; os índios que não foram levados cativos para São Paulo debandaram para a margem direita do Rio Uruguai, no lado Argentino, onde formaram outras reduções.
Os confrontos dos bandeirantes paulistas com os índios aldeados pelos jesuítas espanhóis no Rio Grande do Sul e no Paraná foram os primeiros grandes confrontos que a história registra com os “espanhóis confinantes”.
A atual divisa do Estado de Santa Catarina com a Argentina não foi nessa época e nunca depois palco de confrontos entre portugueses ou brasileiros contra espanhóis confinantes. Por isso, na história de Santa Catarina as gloriosas narrativas a respeito de espanhóis confinantes constituem distorção dos fatos. As fronteiras que aqui existiam eram meramente geográficas, não fronteiras vivas como as do Rio Grande do Sul. O que existia na fronteira do Brasil com a Argentina era apenas uma passagem, na nascente do Rio Peperi, ligando Brasil e Argentina, utilizada desde meados do século XIX por tropeiros e contrabandistas.

POVOAMENTO DE SANTA CATARINA

PARTE 2. PLANALTO CENTRAL


No Planalto Central de Santa Catarina predominavam os campos, e por isso seus primeiros povoadores dedicavam-se à criação de gados, mantendo-se isolados da faixa litorânea. Implantou-se nessa região, a partir do início do século XVIII, o caminho das tropas, cujo percurso iniciava ao sul, em Viamão e Vacaria, passando pelos campos depois denominados Lages e Curitibanos em direção a Sorocaba. Nesse trajeto o tropeiro paulista Antonio Correa Pinto de Macedo fundou Lages em 1766. Logo em seguida tropeiros de Curitiba, fundaram Curitibanos, daí a origem do nome.
Esse caminho de tropas, ligando-se aos campos de Viamão, criou no planalto de Santa Catarina um tipo de economia e de costumes idênticos aos do Rio Grande do Sul, totalmente diferentes daqueles serra abaixo, da faixa do litoral, com a qual a integração propriamente inexistia. Tanto isso é verdade, que Lages e os campos adjacentes faziam parte da Província de São Paulo, até 1820, e sua integração a Santa Catarina, a partir dessa data, teve caráter somente político-administrativo. Os laços culturais e econômicos permaneciam com o Rio Grande do Sul.

POVOAMENTO DE SANTA CATARINA

PARTE 1. LITORAL


Topograficamente o território de Santa Catarina é formado por três partes distintas: o Litoral, entre o mar e a serra; o Planalto Central, que se estende até o Vale do Rio do Peixe e o Oeste, desde este rio até o rio Peperi, na fronteira com a Argentina.
As populações que se estabeleceram e se desenvolveram na faixa litorânea não subiram a serra para povoar o Planalto Central, e as do Planalto não migraram para o oeste, obstacularizadas pelo Vale do Rio do Peixe, ingreme e coberto de densas florestas.
Os movimentos migratórios, especialmente no Planalto Central e no oeste, vinham do norte, a partir de São Paulo, dirigindo-se para o Sul, numa primeira fase, a da conquista territorial. Consolidada esta primeira fase, verificaram-se movimentos inversos, do Sul para o Norte, a partir do Rio Grande do Sul.
O litoral, desde o descobrimento do Brasil, passou a ser visitado por navegadores portugueses, e espanhóis que demandavam ao Rio da Prata. Os portugueses tiveram iniciativa de fundar os primeiros povoados como: São Francisco do Sul (1655), Desterro (1675) e Laguna (1684).
A partir de 1754 chegaram levas de açorianos que se estabeleceram na Ilha do Desterro e Laguna, principalmente.
Os primeiros habitantes do litoral viviam da pesca, do fabrico da farinha de mandioca, da cachaça, e da produção de óleo de baleia, monopólio do governo português. Não havia exploração de economias extensivas, como o gado, cana-de-açúcar, café, entre outros. Formaram-se, então, comunidades de pequenos proprietários e pescadores.
As migrações dos habitantes do litoral, ao contrário do que ocorria no restante do Brasil, não se dirigiam para o oeste, mas para os campos do Rio Grande do Sul, acompanhando a faixa da costa do mar. Mesmo os imigrantes alemães chegados a partir de 1828, em São Pedro de Alcântara, e em 1850 em Blumenau, não avançaram rumo ao Oeste, região que ficou aberta aos conquistadores e primeiros colonizadores vindos do Norte.