quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SUL DO BRASIL ABANDONADO

Completada a destruição das missões jesuíticas de Guairá e do Rio Grande do Sul, a região do extremo sul do Brasil caiu em abandono, tanto por parte do reino de Portugal, revivido em 1640, como do reino da Espanha, porque esta parte da América, hoje denominada Cone Sul, não tinha nenhuma fonte expressiva de riqueza, a não ser os cavalos e o gado, introduzidos desde 1626 pelos missionários jesuítas e desde quase 100 anos antes pelos dominadores espanhóis, que não tinham nada a ver com essa história, e multiplicaram-se livremente, em todos os campos do sul.
Os interesses da Espanha estavam inteiramente voltados à exploração das minas de prata de Potosí, na atual Bolívia, então sob a jurisdição do Vice Reino do Peru. Para se ter uma idéia desse fato basta salientar que as minas de Potosí, a 4.200 metros de altitude, foram descobertas em 1545 e se chamaram “Cerro de Potosí”, com 600 metros de altura, cujo minério tinha um teor de 75% a 85% de prata, propriamente uma “montanha de prata”. Com a descoberta de técnicas mais avançadas na exploração desse minério e consequente produção de maior quantidade de prata a Vila Imperial de Potosí, como então foi chamada, cresceu de forma espetacular. Por volta de 1650, logo após a destruição das missões jesuíticas de Guairá e do Rio Grande do Sul, a Vila Imperial de Potosí chegou a 160.000 habitantes, sendo a terceira cidade do mundo, depois de Londres e de Paris. No longo período de exploração das minas de prata de Potosí morreram 8 milhões de operários ou escravos, mas a produção conseguida teve influência na economia mundial, pois a prata, na Europa, passou a servir como lastro das moedas.
No lado brasileiro a preocupação econômica continuava sendo a produção de açúcar, mas já começavam as penetrações para o interior, em busca de minas de prata e de ouro, em direção às Minas Gerais. Nesta conjuntura os campos do Rio Grande do Sul e mesmo do Uruguai e da Argentina não exerciam nenhuma atração nem para os espanhóis e nem para os portugueses. Todavia, a rivalidade entre Espanha e Portugal volta a se acirrar a partir de 1670, com reflexos no extremo sul até então abandonado.

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